Páginas

sábado, 26 de outubro de 2013

Entrevista Exclusiva com Walter Longo

Por Rafaella Oliveira

Walter Longo é referência para muitos que buscam o mercado publicitário. Formado em Administração, ele conta que optou pelo curso porque ainda não estava muito certo sobre o que queria seguir. "A solução foi cursar Administração, uma formação genérica e versátil que me permitiria atuar em múltiplas atividades futuras."

Mudou-se para São Paulo para fazer faculdade e seu primeiro trabalho foi na área de vendas, o que para ele foi um enorme sacrifício, e ele conta o por quê nesta entrevista.

"O julgamento de quem foi melhor ou pior, quem foi o responsável pela derrota ou vitória e quem merece ser demitido ou preservado é uma definição subjetiva, não é ciência exata", diz ele, quando afirma que já discordou de Roberto Justus por várias vezes e que esta é, justamente, a beleza do formato do programa.  


Walter conta, ainda, as qualidades que um bom profissional precisa ter, o que o Aprendiz representa em sua vida e muito mais! Confira esta entrevista exclusiva! 

Nós agradecemos, mais uma vez, ao Walter pela disponibilidade e pela atenção em nos responder! 
Muito obrigada!

(Aprendiz Coelhocratas) Você é formado em administração. Como foi entrar para o mercado publicitário e se tornar referência da área? O que diria aos que tem vontade de entrar neste mercado?

(Walter Longo) Quando chegou a hora de optar por um curso universitário, eu ainda não estava muito certo quanto ao caminho que queria seguir. A solução foi cursar Administração, uma formação genérica e versátil que me permitiria atuar em múltiplas atividades futuras. Ainda hoje, conheço muitos publicitários cuja formação não é necessariamente de Publicidade e Propaganda. Há de tudo no setor: advogados, sociólogos, arquitetos, psicólogos e até engenheiros. O mundo da propaganda, que antes era mais definido em suas atribuições, acabou se pulverizando e multiplicando na abrangência, ferramentas e atribuições, fruto da enorme revolução no setor de comunicação. E isso acabou ampliando ainda mais o espectro de possibilidades para alguém com formação acadêmica distinta entrar nesse setor. Minha recomendação para quem quer se estabelecer nesse segmento é não se preocupar muito com sua formação acadêmica mas dar início, o mais rapidamente possível, à sua vida profissional. Entrar por qualquer porta e depois, já lá dentro, optar pela atividade que mais vá ao encontro de suas competências ou habilidades. Outro tema importante para quem quer atuar na área é o mais absoluto e amplo conhecimento das ferramentas digitais que estão se tornando cada vez mais importantes no mix de comunicação. 

(Denilson Lisbôa) Qual foi o seu primeiro emprego? Como conheceu o Roberto Justus e quando começou a trabalhar com ele? 

(Walter Longo) Meu primeiro emprego foi na área de vendas. Eu havia me mudado de Recife, onde morava com minha família, para São Paulo, onde vim cursar a faculdade. Para me sustentar, incluindo hospedagem, alimentação e gastos com meu curso, precisava de uma renda que só era possível ser obtida na área comercial para alguém sem experiência prévia. O mais difícil nessa fase foi vencer e domar minha timidez endêmica que transformava cada contato num enorme sacrifício. Apesar disso, me dei muito bem na área e passei a realizar vendas para grandes grupos de compradores através de palestras que realizava nas empresas. Isso multiplicou meus ganhos e me permitiu dar início à minha precoce carreira de empresário. Conheci o Roberto Justus quando ele me convidou para fazer parte da Fischer & Justus, uma criativa agência de propaganda da época. De lá para cá já são quase trinta anos de convivência…

(Everton Lima, Daniel Igrejas e Aprendiz Coelhocratas) Você procura um perfil determinante, que seja capaz de fazer diferente para fazer a diferença. Qual a importância de possuir um perfil destes no atual mercado de trabalho? Qual o melhor caminho e habilidades necessárias para se tornar um executivo bem sucedido?

(Walter Longo) Não há receitas prontas para se tornar um executivo de sucesso. Mas há algumas qualidades que precisam estar presentes. A primeira é coragem. Coragem de divergir, coragem de se expor, de assumir riscos e de defender suas ideias. É muito mais fácil alcançar o sucesso profissional errando de vez em quando por ousar sempre, que acertar sempre por não assumir riscos nunca. A segunda qualidade é caráter, não abrindo mão de suas convicções e respeitando os que estão ao seu redor. Dizem que a união de obsessão com falta de escrúpulos também pode levar alguém ao sucesso, mas ele é efêmero e o preço muito alto. Só a retidão de princípios e respeito ao próximo é que leva à realização plena e duradoura. E a terceira característica importante é esforço, trabalhar muito e estudar ainda mais, entendendo que ninguém chega lá sem conhecer profundamente aquilo que é seu mister e mantendo-se constantemente atualizado no assunto.

(Aprendiz Coelhocratas) Você é colunista do site Olhar Digital. Em recente vídeo, você disse que as mulheres são digitais e os homens analógicos. Este é, inclusive, um dos temas de suas palestras. Você afirma que as mulheres são colaborativas. Você disse, ainda, que mulheres são multitarefas e matriciais. Dito isso, pergunto: você acha mais fácil trabalhar com mulheres? Se sim, por quê? Acredita que as mulheres podem colaborar mais com o mercado atual, já que o novo mundo que vem surgindo é digital?

(Walter Longo) Num ambiente de escassez homens se dão melhor pois há uma disputa pelo poder. Num ambiente de abundância, onde a estrutura é mais participativa e descentralizada, a mulher sabe gerenciar melhor. Por isso o ambiente digital e toda sua estrutura colaborativa e descentralizada é muito mais propício para as mulheres que os homens. O arquétipo feminino precisa prevalecer sobre o arquétipo masculino para que possamos aproveitar a nova sociedade em rede em todo seu potencial. De acordo com estudos recentes de Behavior Science, existem respostas distintas à pressão e ao stress dependendo do sexo. Homens adotam a postura “Fight or Flight”, enquanto as mulheres optam por “Tend and Befriend”. Perante o perigo ou ameaça, homens tendem a fugir ou lutar, enquanto as mulheres buscam o diálogo e aproximação. Essa característica tem origens ancestrais no risco da prole e sua dependência materna. Os neuro-circuitos afiliativos da mulher são estimulados pelo estrogênio, hormônio responsável pela ampliação dos efeitos conciliadores da oxitocina no organismo. Já a testosterona masculina é responsável pela agressividade e competitividade, que no mundo digital perde sua função vital. Essas características hormonais favorecem ainda mais as mulheres nessa nova sociedade que opera, se comunica e trabalha, cada vez mais, em rede e de maneira colaborativa. Por tudo isso, empresas vão ter que adquirir cada vez mais uma alma feminina nos seus processos de gestão.

(Lucas Lattari, adaptada por Aprendiz Coelhocratas) Você acha que há um abismo entre o que o mercado deseja e o nível dos profissionais formados? E, se você concordar com isso, qual deveria ser o foco destas escolas/faculdades para formar melhores profissionais?

(Walter Longo) Na área de comunicação há, sim, uma enorme defasagem entre o que hoje é ensinado e as necessidades do mercado. A razão disso é que ocorreram mudanças drásticas no setor e as escolas ainda não alteraram sua forma de ensinar e conteúdo programático. Enquanto o mercado e a realidade corporativa estão migrando para o mundo digital pelo elevador, as escolas estão subindo pela escada. E a distância está ficando cada vez maior. As principais razões disso são a rigidez curricular exigida pelos organismos oficiais e a falta de formação especializada do corpo docente. A verdade é que estamos no epicentro de uma enorme revolução tecnológica e de costumes, e o sistema educacional continua com uma visão apenas evolutiva e gradual. Se continuar assim, a educação formal vai acabar perdendo terreno para os cursos livres, a informação líquida e a auto-aprendizagem, o que pode ser aparentemente bom, mas elimina os parâmetros de valorização e torna mais difícil nossa avaliação de performance.

(Juliana Holanda e Rodrigo Colucci) Você ficou nacionalmente conhecido (no sentido de popularização) após a participação como conselheiro no Aprendiz. Quais os aspectos positivos disso em sua carreira? O que ainda lhe motiva ser conselheiro do programa?

(Walter Longo) Ser Conselheiro do Roberto, em múltiplas edições, acrescentou bastante à minha capacidade analítica de avaliar pessoas, de entender o impacto do stress no processo decisorial, de conhecer os vários tipos que fazem parte da fauna humana e, principalmente, de estabelecer conexões  sinápticas entre liderança e responsabilidade, autoridade e autoritarismo, ser diferente e fazer diferença. No lado profissional, considero que participar do Aprendiz foi uma escola de conhecimento do gênero humano, e isso é importante para a vida e não somente para a nossa profissão.

(Endrik Raphael) Walter, alguma vez você discordou totalmente com alguma demissão feita pelo Roberto?

(Walter Longo) Várias vezes. E isso é a beleza do formato do programa. O julgamento de quem foi melhor ou pior, quem foi o responsável pela derrota ou vitória e quem merece ser demitido ou preservado é uma definição subjetiva, não é ciência exata. Por isso, a divergência é natural e opiniões contrastantes devem ser valorizadas. Como já disseram, a unanimidade é burra, e diferentes pontos de vista sempre contribuem para uma decisão mais sábia e equilibrada.  

(Aderson Bezerra) Walter, dessa vez, a vaga de trabalho em disputa no Aprendiz é para a agência Grey Brasil, na qual você é o presidente. A sua opinião como conselheiro, nas salas de reunião do Aprendiz, tem peso maior pelo fato do vencedor trabalhar diretamente com você ou nada mudou?

(Walter Longo) Não tem peso maior, mas a futura participação conjunta na Grey aumenta a minha responsabilidade no julgamento da performance. Saber que o vencedor irá trabalhar na agência que presido agudiza minha atenção para os valores não apenas profissionais mas também humanos do candidato. Queremos ter ao nosso lado não apenas bons executivos, mas, principalmente, boas pessoas e isso é o que tem movido minha opinião nas salas de reuniões.

(Adriana Guedes Paz) Qual o desafio desta edição: ver o que permanece de igual-ou semelhante- nos participantes OU o que se modificou/aprimorou/piorou ao longo do tempo?

(Walter Longo) Evolução e crescimento profissional é o que esperamos de nossos Aprendizes nessa edição. Afinal, sabemos que todos são bons e competentes, mas o que buscamos é avaliar essas qualidades quando submetidas à pressão do tempo e do stress permanente. O mundo mudou muito nos últimos anos e tudo está mais acelerado, efêmero e fugaz. Por isso, o executivo desse novo tempo precisa ser capaz de agir rápido e de maneira intuitiva, pensar estrategicamente e atuar taticamente sem perder a visão do todo. Os Aprendizes evoluíram e o mundo evoluiu também. Nossa análise deve ser focada na harmonia que existe hoje entre essas duas evoluções.

(Luiz Gustavo Cristino, adaptada pelo Coelhocratas) No Aprendiz, o Retorno, os erros antigos importam? Você também considera as questões positivas do desempenho em edições anteriores? Quem chegou mais longe anteriormente já sai em vantagem?

(Walter Longo) Ao iniciarmos o Aprendiz deste ano, todos começaram empatados e a performance anterior de cada um foi levada em conta apenas para a seleção dos convidados. Até porque alguns deles participaram do Aprendiz do Dória, onde não tivemos a possibilidade de conhecê-los mais profundamente. A base desse programa é a isenção e equilíbrio de oportunidades. Sendo assim, o “hoje" é prevalente sobre o “ontem", e o que passou deve servir apenas como referência histórica desse candidato. Deu para notar, porém, que alguns deles continuam muito semelhantes em relação à sua participação anterior, enquanto outros sofreram uma verdadeira mutação. Mas nosso olhar é daqui para a frente e cada um dos Aprendizes está escrevendo um novo capítulo na história de suas vidas.

Espero que tenham gostado!
Comentem e compartilhem! =)

2 comentários:

Unknown disse...

A entrevista ficou excelente. Valew por colaborar com a galera Walter. Muito sucesso pra você!

Anônimo disse...

Walter é um mito da comunicação, cara super completo. Amando esse blog.