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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Entrevista Exclusiva com Ricardo Justus

Por Aprendiz Coelhocratas

Ricardo Justus trabalha com o pai no Aprendiz desde a primeira temporada, mas diz que encara de forma profissional a situação, separando o pessoal.


Ele afirma, nesta entrevista, que as tarefas são bem mais complexas de serem editadas e explica o por quê. Além disso, conta que gosta de acompanhar o grupo e o blog, porque, segundo ele, todo retorno é interessante. 

Ricardo comenta ainda sobre a edição, sobre o desafio de gravar um Aprendiz em 45 dias, sobre o vazamento da lista de demitidos e diz: "Sempre me surpreendo o quanto vocês conhecem o programa, alguns por aí são verdadeiros PhD em Aprendiz. "

Confira esta entrevista exclusiva!


(Aprendiz Coelhocratas, Denilson Lisbôa e Bianca Portes) Trabalhar com o seu pai gera maior responsabilidade ou você leva este trabalho como qualquer outro? Conte como é trabalhar com ele. Como começou sua carreira como produtor? Conte-nos um pouco de sua trajetória.

(Ricardo Justus) Trabalhar com ele gera muita responsabilidade porque ele é uma pessoa muito exigente, profissionalmente. Mas eu tenho que encarar como um trabalho, e separar o pessoal do profissional. Eu acho que na realidade a maior intimidade ajuda pois podemos comentar o trabalho um do outro sem pudores que normalmente existiriam.

Quanto a minha carreira, estudei Cinema na FAAP, e já durante a faculdade comecei a trabalhar na primeira temporada do Aprendiz, como Editor. Eu editava as salas de reunião, mas no final da temporada comecei a ajudar com a finalização do programa. Na segunda temporada, virei supervisor de edição, função que mantive até a sexta temporada. Dirigi programas do Roberto em outra emissora, e agora com o retorno dele para a Record, estou na direção do Aprendiz também.


(Everton Lima) Ricardo, o que é mais trabalhoso durante o processo de edição do programa? É realmente a sala de reunião ou extrair o máximo e melhor das tarefas dá tanto trabalho quanto?

(Ricardo Justus) Sem dúvidas, as tarefas são muito mais complexas para editar do que a sala de reunião. A sala é trabalhosa, mas dura no máximo duas horas, e o editor recebe esse material na íntegra, com muitas opções de câmeras e enquadramentos. As tarefas duram dias, com até seis equipes (chamadas de ENGs) gravando uma quantidade enorme de material. Esse material é decupado por uma equipe de “loggers” que assistem tudo e organizam o material, destacam imagens e cenas importantes, e entregam um conteúdo selecionado para uma dupla de editores que é responsável pela tarefa. Esses editores tem que estruturar e contar uma história interessante usando esse material, sendo fiel aos fatos, mostrando o que foi falado na sala de reunião, etc. É um processo super trabalhoso. Em geral a edição de uma tarefa leva uma semana após o termino da gravação.


(Everton Lima) Ricardo, você comentou uma vez aqui no grupo que críticas são sempre bem vindas, que respeita o feedback, etc. Como você lida com o fato de algumas críticas serem apenas para derrubar a qualidade da edição e não apresentam sugestões de melhoras?

(Ricardo Justus) Eu gosto de ler feedback sobre o programa, seja positivo ou negativo, pois todo retorno é interessante. Obviamente eu relevo alguns comentários mais acalorados que as vezes surgem, pois sempre é uma questão de opinião. Sobre a edição, muitas vezes criticas são feitas injustamente, atribuindo questões a edição que não fazem parte do escopo da edição. Vejo algumas vezes o termo “edição ruim” sendo usado sem explicação, as vezes por uma pessoa que não entende realmente qual é a função da edição de um programa. Em outros casos, e eu acho isso bem curioso, surgem comentários do tipo: “A edição estava muito boa pois todos os candidatos apareceram igualmente”. Isso não é exemplo de edição boa. A edição em um reality é tudo: é o que conduz a história, mostra os conflitos e causa emoção ou suspense. Quando a edição é realmente boa e faz o seu trabalho, um telespectador do programa provavelmente não a percebe. Ele apenas se diverte, se emociona e se envolve com o programa. “Mostrar todos os participantes” não pode ser um critério para edição que sobreponha ter um programa de TV divertido, informativo e emocionante. Nesse quesito acho interessante os comentários, principalmente desse grupo no Facebook, que por ser fã de carteirinha do Aprendiz tem uma expectativa sobre o programa muito diferente do programa do que uma pessoa comum. 


(Aprendiz Coelhocratas) Esta temporada foi gravada em apenas 45 dias. Qual tem sido o maior desafio?

(Ricardo Justus) Foi um desafio enorme, tanto para os participantes quanto para a equipe, em especial a equipe técnica e produção. Os aprendizes não tiveram tempo para nada, quase nenhum descanso. Sem dúvidas foi a temporada mais “difícil” para eles. Por trás das câmeras, acontece a mesma correria, pois enquanto estamos gravando a produção está trabalhando em várias frentes para preparar as próximas tarefas, sem muito tempo ou margem de erro.



(Endrik Raphael) Ricardo, como é visto o grupo e blog Aprendiz Coelhocratas por toda a equipe do programa? Qual sua opinião à respeito do que se passa por aqui?

(Ricardo Justus) Não posso falar pela equipe toda, mas sei que muitos lêem os comentários de vocês. Na minha opinião, acho divertido e interessante! Eu acompanho bastante as reações em redes sociais dos programas, twitter, facebook, etc. No twitter tenho um feeling mais geral sobre reação do público que está engajado com o programa, mas no grupo de vocês posso ver uma reação e opinião de pessoas que são Super-Fãs do programa. Sempre me surpreendo o quanto vocês conhecem o programa, alguns por aí são verdadeiros PhD em Aprendiz. 


(Bianca Portes e Jadre Junior) Como é o processo de criação das tarefas e com qual antecedência uma tarefa é concluída antes da execução pelos aprendizes?

(Ricardo Justus) Meses antes do início da produção, fizemos diversas reuniões (para usar um termo muito comum no programa) de “Brainstorm”, inclusive com o Roberto para criar diversas idéias para provas. Depois disso vamos aprimorando as ideias, separando as melhores, desenvolvendo as possibilidades. Depois adequamos essas provas ou criamos novas provas para os clientes patrocinadores do programa. Quando o programa entra em produção, já temos mais ou menos estruturadas a maioria das provas, e deixamos tudo preparado e pronto para a execução dos aprendizes.



(Kelvyn Holanda) Ricardo, que cuidados tens na edição para que o público não perceba quem ganhou a tarefa antes do resultado?

(Ricardo Justus) Depende da prova. Quando o resultado das equipes é próximo uma da outra, sempre tentamos elevar o suspense mostrando pontos fortes e fracos de ambas as equipes. Isso é importante pois quem assiste pode avaliar “junto” com o Roberto e os conselheiros. Quando o resultado é muito superior de uma equipe, aí não faz sentido mascarar tanto, então deixamos transparecer essa diferença na edição. Também evitamos, em geral, mostrar resultados quantitativos durante as provas (dinheiro arrecadado, etc), para evitar estragar a surpresa do resultado.


(Aderson Bezerra) Ricardo Justus, é comum os aprendizes culparem a edição por aparecerem menos ou, reclamarem que quando são visualizados, inclusive suas falas, não costumam ser nos seus melhores momentos. Já sabemos que o tempo de apresentação do programa é curto, mas não seria possível que houvesse a fala de todos os participantes, até para que o público tenha mais conteúdo para conhecer os participantes?

(Ricardo Justus) Como eu disse acima, a edição tem que priorizar que o programa seja interessante, divertido, emocionante, informativo, e não quanto um candidato ou outro aparece. Principalmente no início da temporada quando tem mais participantes, alguns realmente se destacam mais. Se um participante dá um depoimento interessante, ou é o centro de algum acontecimento significativo, é claro que ele vai aparecer mais do que um participante que não se manifesta tanto ou que não se destaca.


(Bianca Portes) Qual foi o maior desafio já enfrentado na produção do Aprendiz no Brasil? O que você tirou de lição destes anos de trabalho?

(Ricardo Justus) Acho que o maior desafio foi a primeira temporada, quando o formato era novidade no brasil, e relativamente novo até mesmo no original americano.


(Aprendiz Coelhocratas) O que você achou das listas publicadas pela mídia? O que a produção do Aprendiz tem a dizer sobre isso?

(Ricardo Justus) Acho triste quando acontecem vazamentos dessa forma, mas nos dias de hoje é muito difícil manter segredo quando gravamos com antecedência. Pior são os veículos que publicam isso de forma maldosa, sendo que a única coisa que conseguem com isso é prejudicar o programa. Mas na minha opinião, não acho que esses vazamentos tenham algum impacto significativo na audiência. Claro que atrapalha, mas a natureza do formato faz com que as pessoas tenham curiosidade em saber como que as pessoas são demitidas, quais foram as circunstâncias, etc.

Agradecemos a participação, Ricardo!

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